quinta-feira, 10 de março de 2011

8 de março de 2009 / Um bicho esquisito

UM BICHO ESQUISITO


Ex é um bicho esquisito. Geralmente apronta.

Fica cheio damulher que tem, ou com dúvidas sobre

se gosta dela, se poderia ter uma vida melhor

com outra, e resolve experimentar algo fora do relacionamento.

Tudo bem quando se apaixona de

verdade por alguém.Mas, na maioria das histórias

que escuto, o que há é o simples prazer da aventura.

E então, ao virar ex, ele se arrepende. E se transforma

em um encosto na vida da ex-mulher.

Heitor tinha um mulher que o amava e filhos.

Mas não estava feliz. Talvez não a amasse mais. Mas

isso não vem ao caso. Me explico: durante dois anos,

Maria falou com ele sobre separação. Estavam juntos

há 20 anos e ela sentia que algo não ia bem. Fizeram

até terapia de casal. Não é que, entre uma sessão

e outra, Maria flagrou o espertalhão deixando um

bilhete para a secretária da psicóloga? Foi o que bastou

para mandar ele embora. Heitor jurou que não

iria aceitar. Com o tempo, porém, assumiu o romance

com a secretária.Mas, quando descobriu

que Maria estava namorando, ficou louco. Uma

vez, num fim de semana, ela e os filhos estavam na

casa de praia dos pais dela. Sem avisar,Heitor apareceu,

só com a mochila nas costas. Entrou na sala,

sentou no sofá e lá ficou o dia todo, vendo TV.

— Parecia que queria flagrar algo. Anoiteceu,

ele pegou o ônibus e partiu — me contou Maria.

Tem também o cidadão inseguro. O que tem

medo de assumir uma relação mais estável. Diz

que não quer perder a liberdade, os amigos e tudo

o que acredita que tem. Então, quando a respectiva

diz que não dá mais, pira, não entende, chora.

Metido a surfista, Rui namorou Helena uns

cinco anos. A moça queria casar. Ele dizia que era

cedo. Direito dele. Até que ela recebeu um convite

para trabalhar em outro estado. Ele foi contra. Helena

insistiu no casamento, mas ele reafirmou que

não era hora. Então, ela fez as malas e foi embora.

Até hoje Rui se lamenta.

Mas ex que me surpreendeu foi o Iran: se considerava

o guardião por direito da namorada que tinha

dispensado. Ele foi noivo de Silvia por nove

anos. Compraram até apartamento, quando ele resolveu

terminar tudo porque, disse, estava apaixonado

por outra. Silvia sofreu, chorou, mas aceitou.

— Afinal, ele foi sincero — me explicou Silvia.

Demorou dois anos para ela se interessar por

outro. Quando Iran descobriu, intimou:

—Quem é o cara, o que faz, de onde vem?—

perguntou, raivoso, ao acordá-la de tanto bater na

sua porta, num domingo de manhã.

— Ah, vá se catar! — Silvia respondeu, batendo

a porta na cara dele.

E quem vai dizer que ela não fez muito bem?

Nenhum comentário: