UM BICHO ESQUISITO
Ex é um bicho esquisito. Geralmente apronta.
Fica cheio damulher que tem, ou com dúvidas sobre
se gosta dela, se poderia ter uma vida melhor
com outra, e resolve experimentar algo fora do relacionamento.
Tudo bem quando se apaixona de
verdade por alguém.Mas, na maioria das histórias
que escuto, o que há é o simples prazer da aventura.
E então, ao virar ex, ele se arrepende. E se transforma
em um encosto na vida da ex-mulher.
Heitor tinha um mulher que o amava e filhos.
Mas não estava feliz. Talvez não a amasse mais. Mas
isso não vem ao caso. Me explico: durante dois anos,
Maria falou com ele sobre separação. Estavam juntos
há 20 anos e ela sentia que algo não ia bem. Fizeram
até terapia de casal. Não é que, entre uma sessão
e outra, Maria flagrou o espertalhão deixando um
bilhete para a secretária da psicóloga? Foi o que bastou
para mandar ele embora. Heitor jurou que não
iria aceitar. Com o tempo, porém, assumiu o romance
com a secretária.Mas, quando descobriu
que Maria estava namorando, ficou louco. Uma
vez, num fim de semana, ela e os filhos estavam na
casa de praia dos pais dela. Sem avisar,Heitor apareceu,
só com a mochila nas costas. Entrou na sala,
sentou no sofá e lá ficou o dia todo, vendo TV.
— Parecia que queria flagrar algo. Anoiteceu,
ele pegou o ônibus e partiu — me contou Maria.
Tem também o cidadão inseguro. O que tem
medo de assumir uma relação mais estável. Diz
que não quer perder a liberdade, os amigos e tudo
o que acredita que tem. Então, quando a respectiva
diz que não dá mais, pira, não entende, chora.
Metido a surfista, Rui namorou Helena uns
cinco anos. A moça queria casar. Ele dizia que era
cedo. Direito dele. Até que ela recebeu um convite
para trabalhar em outro estado. Ele foi contra. Helena
insistiu no casamento, mas ele reafirmou que
não era hora. Então, ela fez as malas e foi embora.
Até hoje Rui se lamenta.
Mas ex que me surpreendeu foi o Iran: se considerava
o guardião por direito da namorada que tinha
dispensado. Ele foi noivo de Silvia por nove
anos. Compraram até apartamento, quando ele resolveu
terminar tudo porque, disse, estava apaixonado
por outra. Silvia sofreu, chorou, mas aceitou.
— Afinal, ele foi sincero — me explicou Silvia.
Demorou dois anos para ela se interessar por
outro. Quando Iran descobriu, intimou:
—Quem é o cara, o que faz, de onde vem?—
perguntou, raivoso, ao acordá-la de tanto bater na
sua porta, num domingo de manhã.
— Ah, vá se catar! — Silvia respondeu, batendo
a porta na cara dele.
E quem vai dizer que ela não fez muito bem?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário