quinta-feira, 10 de março de 2011

13/09/2009 SEMPRE com a mari

13/09/2009 SEMPRE com a mari Os dois trocavam olhares cúmplices enquanto ela colocava a carne picadinha para refogar na panela. Era um sábado e Alberto estava com saudades de Mariana. Vivem juntos há sete anos e a saudade ainda é inevitável entre eles. Quando um viaja ou trabalha demais durante a semana, o outro se sente perdido, como que abandonado. No dia-a-dia, trocam mensagens a cada meia hora, pelo celular ou pela internet. Mais do que se monitorarem, se cuidam mutuamente: um sempre está atento ao outro, aos seus gostos, aos seus passos, às suas necessidades e, principalmente, aos seus desejos mais secretos. Mari não come doces, muito menos chocolate. Dia desses, me avisou: — Preciso comprar chocolate meio amargo para fazer uma musse ainda hoje. — Mas, Mari, não é você que não come chocolate de jeito nenhum? — Sim, mas o Beto adora a minha musse. Como ele trabalha hoje até mais tarde, eu vou lhe fazer uma surpresa. E foi assim que a musse de chocolate virou uma das especialidades culinárias de Mari, sem que ela nunca a tenha provado. De volta ao sábado desta história, os dois estão ansiosos. Durante a semana, ela iniciou um curso pela manhã e, por coincidência, problemas no trabalho a seguraram no escritório todos os dias até mais tarde. Andava cansada demais e, à noite, só conseguia dormir depois do jantar. Então, ao levantarem cedo no sábado de sol, em vez de programar uma balada para a noite, como era de costume, Beto sugeriu: — Vamos ficar em casa hoje, depois que você voltar do trabalho? Estou sentindo sua falta. Eu compro um vinho e você faz uma comidinha... Nos rostos deles, sorrisos se desenharam. E ela, como uma adolescente, corou. Beto fez aquele dia de trabalho de Mari ser mais feliz. Ela só pensava na noite que viria. Quando chegou em casa, a carne já estava picada. Enquanto preparava o tempero, ele servia as taças. O macarrão ficou ‘al dente’, como os dois preferem. No dia seguinte, o casal não foi visto. Os amigos ligaram para seus telefones, mandaram e-mails, mas não houve resposta. Mas, na segunda pela manhã, a empregada encontrou cinco garrafas de vinho, vazias, em cima da pia. E, ao responder a um amigo sobre como tinha sido o seu fim de semana, Alberto só escreveu: “Foi maravilhoso, com a Mari. Sempre, sempre com a Mari.”

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