segunda-feira, 14 de março de 2011

07/02/2010 - Noite na poltrona

NOITE NA


POLTRONA

Vilma não sentiu nada

quando conheceu Ricardo naquela

festa. Ela o achou bonito,

é certo, mas foi só. Nenhum tipo

de atração, nenhuma ponta

de desejo a despertou. Já Aline,

sua amiga de todas as horas, se

derreteu toda ao vislumbrar

Sergio na porta da festa. Ele

chegou à balada com Ricardo.

Os dois rapazes eram amigos e

foramàquela balada dispostos

a pegar uma mulher.

Com Aline foi fácil. Ela estava

disposta a se enroscar com

o primeiro cara bonito que lhe

desse bola. Sergio não era nenhum

galã, mas estava disponível.

Bastou dezminutos de

conversa e não se largaram

mais. Mas com Vilma a situação

era diferente. Ela parecia

mais fria. O charme de Ricardo

não a tocava. A conversa

também não era interessante.

O rapaz só falava de esportes

náuticos. Por isso, Vilma ficou

preocupada quando Aline lhe

comunicou:

— Vamos parar no apartamento

do Ricardo, aqui pertinho,

na Alameda Franca, antes

de ir para casa. Aliás, o que você

achou dele?

— Não vi a menor graça.

Mas por que vamos passar na

casa dele?

— Lá nós podemos ficar

mais à vontade – disse Aline,

com ar malicioso.

Vilma já intuía o que iria

acontecer. Dormiria em um

quarto sozinha, enquanto a

amiga, no outro, ia para a cama

com Sergio. Vilma não tinha

outra opção. Morava longe e

estava hospedada na casa de

Aline, em Perdizes.

Ao chegar ao apartamento

de um quarto, Ricardo convidou

Vilma para ver sua coleção

de selos. Estavam no quarto

dele e a moça o seguiu, mais

por educação. Quando tentaram

voltar à sala, a porta do

corredor estava fechada e nenhum

dos dois teve coragem

de abrir. Sergio e Aline já deviam

estar transando, pensaram.

Então, voltaram para o

quarto e decidiramrecomeçar

a conversa.

Vilma até hoje não sabe explicar

o que aconteceu. Talvez

o vinhomisturado à cerveja,

ou o cansaço da festa agitada,

mas o fato é que, de repente, se

viu beijando Ricardo, tirando

a roupa e indo para cama com

ele. Foi a melhor transa que já

tinha tido até então. E, o que

mais a impressionou: o cara

até então sem graça lhe parecia

o homem mais lindo do mundo,

carinhoso e atencioso.

Acordou logo depois do alvorecer,

com a amiga a chamando,

sem abrir a porta. Ricardo

levantou rápido e ainda

correu para a cozinha, para

preparar um café da manhã

caprichado para todos.

Os dois estavam daquele

jeito tão pleno de felicidade e

satisfação que nem perceberam

que o clima entre Aline e

Sergio não era não dos melhores.

Se despediram prometendo

um novo encontro, em breve,

e continuar o romance.

Coube a Sergio deixar as

duas em casa. Foi só aí que Vilma

se deu conta do mau humor

da amiga:

—Você, hein, é uma egoísta

mesmo! Me largou lá, sozinha

com aquele cara — reclamou

Aline, enfurecida.

—Como assim, Aline? A

ideia de ir com eles foi sua e eu

só deixei você sozinha com o

Sergio para ficarem mais à

vontade.

— É, mas o cara brochou.

Fui te chamar pra gente ir embora,

mas levei um susto

quando abri a porta do quarto.

Ele dormiu no sofá e eu passei a

noite foi sentada, na poltrona.

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