quinta-feira, 10 de março de 2011

16/08/2009 HISTÓRIA DE NOVELA

HISTÓRIA DE


NOVELA

16/08/2009 HISTÓRIA DE NOVELA Eu estou cada vez mais convencida de que histórias de novelas podem acontecer com frequência na vida real. Aliás, acho mesmo é que os romances que vemos nas telas relatam as histórias vividas por pessoas comuns. A de Jandira, por exemplo, daria um bom épico. Ela aconteceu no Norte do país e começou na década de 70. Quem me contou foi uma velha senhora. A moça, então com 16 anos, estava com o coração partido quando chegou em Manaus, em 1972. Para ela, aquilo era um castigo imposto pelo pior carrasco, sua mãe. Antonia havia despachado Jandira para viver com os tios porque temia que ela se envolvesse ainda mais com Aureliano, o playboy mais rico de Belém. Filho de fazendeiros, ele era famoso por promover as maiores arruaças a que a cidade já havia assistido. Todos também sabiam como moças de família haviam terminado depois de namorar com ele: grávidas e abandonadas. Antonia não queria que sua filha corresse o risco. Por mais que a jovem insistisse que Aureliano, com ela, era diferente, a mãe não se convenceu. E decidiu mandá-la para longe, para viver com os tios. A desculpa era a de protegê-la. Em Manaus, a vida de Jandira tomou outro rumo. Um colega de infância, Alfredo, também estava por lá, estudando. O encontro atiçou os corações dos dois jovens. Ela, entristecida, enxergou no antigo companheiro de brincadeiras um ombro amigo. Já Alfredo estava cansado da solidão. Nenhum deles teve cuidado e o que começou como um consolo mútuo terminou na temida gravidez indesejada. Só que a moça sabia que não amava Alfredo. Quando se viu esperando um filho dele, voltou para Belém. Marisa nasceu quando Jandira completou 18 anos. Alfredo ajudava no que ele podia, mas Jandira queria mesmo era criar a filha sozinha. Aureliano soube de tudo. Revoltado, decidiu casar-se com outra. Passaram-se mais de dez anos sem um ter notícias do outro. Quando se reencontraram, Aureliano tinha quatro filhos com duas mulheres diferentes e estava casado pela terceira vez havia um ano. O encontro foi casual, no meio da rua, no centro da cidade. Primeiro tomaram um café, depois trocaram telefones. O amor se reacendeu e os dois iniciaram um caso. Até que Jandira engravidou de novo e decidiu não contar nada para ele. Nem ela sabe dizer o porquê, mas inventou um motivo, simulou uma briga qualquer e fugiu, sem deixar endereço. Judite, a segunda filha de Jandira, cresceu sem saber nada sobre o pai. Mas, na adolescência, a menina foi perguntar sobre a sua história. Quando descobriu tudo, quis se apresentar a Aureliano. — Ele ficou furioso quando descobriu o que Jandira tinha feito, sumido com a menina. Mas a bronca durou pouco. Ele assumiu a filha e passou a frequentar a casa delas — me contou a velha Antonia. — Judite já é uma moça feita, entrou na faculdade e não mora mais com a mãe. No ano passado, Jandira resolveu mudar de novo. Só que, desta vez, o Aureliano foi junto. Montou a casa deles e os dois estão muito bem, obrigada. E eu, a mãe carrasca, sou até hoje a bruxa dessa história.

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