quinta-feira, 24 de março de 2011

28/02/2010 - Armado só por amor

ARMADO SÓ


POR AMOR

Com uma arma na mão ele

foi dizer que a amava. E já fazia

tempo. Júnior cercava Dirce há

meses. Primeiro, se fez amigo.

Ele, assim que chegou do interior,

hospedou-se na casa dela.

— Eu dividia o aluguel com

uma amiga, e ele era primo dela.

Como a gente tinha dois

quartos, ele foi morar em um

— me contou Dirce.

Os dois ficaram amigos. Se

uniram para batizar a filha de

uma vizinha, saiam com frequência,

faziam o jantar juntos

diariamente. Júnior sempre

era amável, mas Dirce garante

que nunca suspeitou que era

mais que amizade.

Depois de alguns meses,

enfim, Júnior se declarou. Disse

que estava apaixonado.

— A gente tinha ido a uma

festa e ele bebeu um pouco.

Acabou me puxando para um

canto, dizendo que era louco

por mim. Mas logo cortei. Não

tinha nada a ver. Eu nunca senti

nenhuma atração por ele.

Dirce preferiu deixar o

apartamento que dividia com

a amiga e o primo. Foi morar

com a irmã, Dinorah.

Mas Júnior voltou a procurá-

la, queria pedir desculpas,

dizer que se confundiu. E foi

então que conheceu Dinorah.

Alguns encontros depois, ele e

a irmã de Dirce estavam namorando.

Minha amiga até

que ficou aliviada. Afinal, a irmã

parecia feliz e Júnior não a

incomodava mais. Mas, numa

noite, quando chegou em casa

e encontrou o casal, ele começou

a maltratá-la.

— Você só sai com gente esquisita.

Seus namorados são

todos uns babacas — disse.

Depois deste dia, sempre

criticava o que fazia. Quando

estavam sós, porém, a tratava

bem e tentava provar ser seu

amigo. Na presença dos outros,

a desrespeitava e até xingava.

A moça reclamava com a

irmã, mas Dinorah parecia

não se incomodar com o comportamento

do namorado.

Parecia até se divertir.

— O que ele sentia de bom

por você no começo parece

que virou ódio! — afirmava.

O pior, porém, quase aconteceu

numa tarde de sábado.

—Júnior chegou em casa e

começou a falar coisas sem

sentido. Tinha bebido. Minha

irmã havia saído e eu estava só.

Ele me xingava e dizia que eu

devia ir embora daquela casa,

deixá-lo em paz. E eu retrucava,

falava que morava lá e que

ele era o estranho. De repente,

ele veio pra cima de mim e me

empurrou. Eu reagi e dei um

tapão na cara dele.Mas quando

olhei na sua cintura, percebi

que estava armado. Tremi e

achei mesmo que ia morrer.

Mas ele viu meu pavor e se sentou,

atordoado. Então, tirou a

arma da cintura, a colocou na

mesa e me disse: ‘Eu te amo,

você não percebe? Vim aqui

armado porque te amo. Queria

te matar, porque, se não ficar

comigo, não fica com mais

ninguém. Mas não tenho coragem.’

E começou a chorar.

Dirce conta que foi mais rápida

que o rapaz. Enquanto ele

chorava como um bebê, ela

pegou a arma e apontou contra

ele, sem pestanejar.

— Quando você for fazer

alguma coisa, não ameaça. Faz

de uma vez! Se me ameaçar de

novo, sou eu que acabo com

você! E de verdade!

O rapaz saiu assustado,

com ela gritando atrás dele,

mandando ele sumir. Fugiu

sem conseguir pronunciar

uma palavra. Tremendo, Dirce

escondeu a arma no fundo do

guarda-roupas. E só então

pensou no que fez. Se jogou na

cama e chorou até dormir

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