quinta-feira, 10 de março de 2011

06/09/2009 um amor para não casar

06/09/2009 um amor para não casar O buquê veio em sua direção e ela logo o rebateu, às gargalhadas. Não queria ter em suas mãos aquele arranjo de flores tão desejado pela maioria das mocinhas da festa. Para ela, ele significava uma história de vida da qual queria distância. Fotógrafa amadora, ela até desejava amar alguém, mas intuía que aquele buquê não lhe traria boa sorte. Isabel e Ivan, o noivo da festa, fizeram faculdade juntos e ele sempre a viu como um “bom amigo”. Os dois pareciam contradizer a máxima de que homens e mulheres nunca são amigos. Eles realmente eram. Um contava para o outro todos os seus rolos e até trocavam conselhos. Quando Ivan conheceu Alice, com quem acabaria por se casar, Isabel lhe avisou que a moça parecia sincera. — Ela não é o tipo de moça com quem você normalmente anda. Não vai topar tudo, como está acostumado. Alice vai à missa todo domingo, quer casar e ter família. Ivan se encantou. Naquele momento, era exatamente o que buscava. Estava cansado de aventuras e baladas. Empenhou-se no “namoro sério” e, assim que comemoraram um ano de relacionamento, ele pediu Alice em casamento. Durante o namoro do amigo, Isabel não se perturbou. Também ficou amiga de Alice, que sempre arrumava um rapaz “do bem” para apresentar-lhe. Mas ela não tinha pressa de se amarrar. Curtia a sua vida livre e, tinha certeza, “assentaria o facho” naturalmente. — A minha cara-metade vai aparecer sem vocês precisarem dar um empurrãozinho — afirmava. Enquanto isso não acontecia, Isabel curtia a vida e os casos. Quando Ivan anunciou o casamento, a amiga sentiu um aperto no coração. Não acreditava que o amigo do peito estava maduro para se casar. Ele era um baladeiro profissional e, apesar do namoro sério, sempre escapava para as farras. Mas, como parecia feliz com sua decisão, Isabel deixou pra lá o aviso da sua intuição. — Vou fazer fotos do seu casamento — ela disse. — Se as minhas fotos ficarem melhores que as oficiais, vocês vão ter que me pagar uma cervejada na volta da lua-de-mel. Na véspera do casamento, foi com Isabel e outros amigos da faculdade que Ivan fez a despedida de solteiro. Beberam até amanhecer. No casório, além de fazer as fotos, ela se divertiu a valer. Dançou até com o bisavô da noiva, cantou um monte e roubou bem-casados acreditando piamente que assim ela teria sorte no amor. Um ano depois, porém, foi provado que Isabel tinha uma ótima intuição. Ivan e Alice se separaram. Ivan não servia para o casamento. E foi no ombro de Isabel que ele foi chorar. Ficaram a noite inteira bebendo. E, então, se deram conta de como estavam com saudades um do outro. Pela primeira vez, depois de tantos anos como amigos, os dois se olharam de um jeito diferente. Com tesão. A noite terminou na cama e o dia raiou mais ensolarado do que nunca. Eles se perguntavam como nunca tinham percebido o quanto se amavam. E até hoje se amam. Mas não pretendem casar ou morar juntos. — Ivan não é homem para casar. E é por isso que tem tudo o que eu achava que o homem da minha vida tinha que ter.

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