quinta-feira, 10 de março de 2011

14/06/2009 11 anos de engano

14/06/2009 11 anos de engano Onze anos. Foi esse o tempo que Jandira namorou com Durval. Um belo dia, sem sinal anterior, ela declarou: “Acabou. Eu quero terminar”. O mundo de Durval despencou. Mas ela desabrochou. Nunca tinha lhe dito toda a verdade. Jandira e Durval mantinham um namoro recatado de cidade pequena do interior. Moça religiosa, Jandira ia todo domingo à missa, cantava no coral, não vestia saia curta nem blusa decotada. Para a família de Durval, Jandira era estranha. Comparada a outras namoradas do rapaz, ela parecia tímida demais, quieta demais, desconfiada demais. Durval, por sua vez, era mulherengo demais, fogoso demais, extrovertido demais. Mesmo sendo tão diferentes, o namoro vingou. Durval dizia que a moça tinha o dom de colocá-lo na linha, pelo menos para o grande público. É que ele, entre amigos, se gabava porque conseguia pular a cerca sem ser desmascarado por ela. Jandira não gostava de sexo, e não tinha problema, porque ele podia levar para a cama outras meninas. O mais importante, ele dizia, era Jandira ser centrada, pensar em ter uma família e uma casa. A mãe de Durval, uma matrona experiente, achava tudo aquilo muito estranho: — Em pleno século 21, ela ser assim tão certinha não é normal. Durval acha que ela não percebe que ele sai com outras. Mas, para mim, ela nem liga se ele sai mesmo ou não. Jandira percebia a desconfiança da sogra. E, por precaução, buscava manter distância da mulher. É que, lá no fundo, tinha medo de não conseguir manter a sua história, tão bem construída. Durval, para ela, era um tipo de muro de proteção. O conheceu ainda menina. Tinha uns 7 anos e estava no colo do pai quando viu aquele rapaz pela primeira vez. Estavam na praça da cidade. Quando ela virou adolescente, Durval tinha uma noiva. Lembra que ficou triste, mas tocou a vida. Ao terminar o colegial, saiu da cidade para ir para a faculdade, se apaixonou loucamente por outro, namorou o quanto pode, e sofreu quando esse amor engravidou outra e se casou. Ninguém na cidade sabia disso. Era a história secreta de Jandira. Ao voltar para casa, deprimida, reencontrou Durval solitário. Ela, no início, quis mesmo que ele fosse o seu par perfeito. Mas o amor da faculdade logo voltou a lhe procurar e ela não conseguiu resistir. Enquanto Durval achava que a enganava, ela saía com o ex, agora muito bem casado. Sempre jurava que era a última vez. E isso durou dez anos. Até que o rapaz resolveu se separar. E Jandira acabou com Durval. Queria mais era ser feliz. De repente, não havia mais segredos. Toda a cidade se surpreendeu, menos a mãe de Durval: — Eu sabia: ali faltava mesmo era o amor!

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