domingo, 12 de outubro de 2008

Só por diversão


Publicado em 2 de dezembro de 2007

Pois alguém pode me dizer por que aquelas duas mulheres ficaram falando sobre vibradores e sexo em grupo na frente de Juliana? Juliana foi crente desde que nasceu, estava casada há poucos meses e os vizinhos já diziam que o marido reclamava da falta de sexo. A moça, comentavam os homens nos bares, não gostava da coisa.

Na verdade, Juliana sofria de uma timidez crônica. Falar sobre sexo com as amigas mais íntimas e mesmo com o marido a deixava incomodada. Naquela noite, ela mal conseguia tirar os olhos da louça que lavava enquanto escutava a conversa das amigas de seu marido. Estava encabulada e não tinha nem como sair da cozinha. Porque, se saísse, daria muita bandeira para aquela duas mulheres. E ela ficou lá, roxa de vergonha!

Eu digo por que Ana e Antonia fizeram isso: foi por pura diversão. Elas nem combinaram. Mas, "putas velhas", perceberam a falta de experiência da outra. E, como se já tivessem usado algum instrumento a mais na cama ou mesmo fossem praticantes do ménage à trois, discorreram sobre o assunto como duas especialistas.

E era puro teatro.

"Fui numa loja de produtos franceses e encontrei lá um vibrador que era uma gracinha! Era rosa e tinha até de formato de coelho!", disparou Ana. "Jura? Sou louca pra ter esse", replicou Antonia.

A coitada da Juliana mal respirava.

"De vez em quando a gente convida outra pra passar a noite lá em casa. Acho muito bom. Mas queria mesmo que fosse outro", mentiu Ana. "Ah, isso é bem legal mesmo. Mas meu marido não gosta muito...", emendou a amiga, fazendo bico.

Duas cínicas essas donas. São tão normais que dá até dó. Uma terceira pessoa na cama daria em divórcio. Elas cortariam os pulsos de ciúmes. Nunca nem pegaram num vibrador. Nem fazem direito o papai-e-mamãe. A preguiça é uma constante e a dor de cabeça, sempre a melhor desculpa pra dizer não.

Mas se sentiram o máximo cutucando a menina recém-casada, que era virgem até o matrimônio e sempre acreditou que sexo era só bom para fazer bebê. Quando a moça enfim saiu da cozinha, as duas morreram de rir, vitoriosas.

Mas outro dia eu vi Juliana numa festa. Fiquei surpresa. Estava linda como nunca. O decote do vestido curto de crepe a deixava glamurosa. Ela dançava como louca, transpirava sensualidade e chamava a atenção de todos. Seu marido a cercava de mimos e beijos e, quando dei por conta, os dois tinham sumido.

Ana e Antonia? Ah, elas também estavam lá! Na mesa, numa rodinha de peruas, bebendo cerveja, comendo coxinha e falando mal da vida alheia.