quinta-feira, 10 de março de 2011

25/10/2009 sem querer ficar só

25/10/2009 sem querer ficar só Sonia era a terceira mulher de Barbosa. Madura, casou e enviuvou cedo, sendo obrigada a criar sozinha seu casal de filhos. Advogada, tinha conquistado o que mais desejava: uma bela casa num condomínio fechado perto de São Paulo. Para os filhos, tudo o que precisassem. Enfim, Sonia era uma mulher e tanto, mãezona completa. Quando conheceu Barbosa, porém, se sentia muito solitária. Após o casamento dos filhos, o sobrado no condomínio ficou grande demais. Eram quatro suítes, piscina, salas de estar, de jantar e de TV, sem contar os dois jardins. Barbosa era um publicitário eloquente. Nos seus dois casamentos, tinha tido cinco filhos. Viviam cada um num estado, mas ele era um pai sempre consultado. Ganhava bem, mas morava em um flat no Centro da cidade. Após seis meses de namoro, de tanto Sonia insistir, ele aceitou morar na casa dela. Os filhos dela aprovaram e os seus netos passaram a chamá-lo de vovô. Viveram assim por sete anos. Até que Barbosa perdeu o emprego e só conseguiu uma recolocação em uma agência em Santa Catarina. Sonia ficou em São Paulo não muito conformada. O marido viria à cidade só de vez em quando. Então, aquela casa enorme voltou a parecer um castelo para ela, que não suportava a solidão do dia a dia. O pior é que ela também não sentia mais a falta de Barbosa. Só não gostava da casa tão vazia. A solução, pensou, seria convidar alguém para morar com ela. Primeiro, chamou uma irmã solteira. Um mês depois, uma sobrinha do interior que queria tentar a vida em São Paulo lhe ligou e pediu ajuda. Sonia imediatamente a convidou para morar com ela também. A moça chegou com o marido. A notícia espalhou-se rápido pela família de Sonia. E um tio que faria um tratamento médico no HC e morava no litoral também lhe telefonou querendo abrigo. Ele veio com a mulher. Seis meses depois, Barbosa voltou. Ele não aguentava o clima frio do Sul. E encontrou a mulher toda afobada, envolvida com obras que tinha resolvido fazer na sua casa para melhor abrigar os seus hóspedes. — Sonia, eu fui trabalhar fora e você transformou a casa em um albergue? Acostumado com independência, Barbosa deu um ultimato à mulher, mas levou um susto quando ela respondeu: — Se você não está feliz, pode sair. Aqui estávamos todos muito bem sem você. E foi assim que Barbosa voltou para o flat no Centro da cidade.

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