O beijo foi recebido assim, num susto. Beatriz realmente não estava esperando por aquilo. Ele era quase um menino, estava sentado no banco de trás do carro e ela ao volante. Então, quando ela se virou para dizer um tchau, Fernando a surpreendeu. Beatriz não sabia o que fazer. Só não rejeitou o carinho, aquela boca macia de homem moço, sem barba por fazer, uma delícia de beijo. Ela se deixou levar e, por um longo minuto, simplesmente esqueceu quem era e por que estava ali.
Do lado de fora do carro, Vilma também levou um susto quando viu a cena. Ela havia saído primeiro do carro e, no meio da chuva, correu para abrir a porta de casa, já que era tarde da noite. Virou automaticamente a chave na fechadura e se voltou para trás para esperar por Fernando, seu filho caçula. Mas, ao invés de dizer o último tchau para Beatriz, sua melhor amiga, o que viu foi o seu filho aos beijos com ela.
Vilma não havia percebido nada de suspeito entre os dois. Nenhum clima durante a festa, para a qual ela levou o filho apenas para espairecer. Era o aniversário de uma amiga das duas.
— Vamos, Fê, vai ser legal você conversar com gente mais experiente, que já está batalhando no mercado há um tempão — disse Vilma ao filho.
Fernando estava naquela fase de não saber o que estudar, que faculdade seguir. Já havia iniciado dois cursos e agora pensava num terceiro.
— Só vi que os dois conversaram a noite toda. Eu havia pedido para Beatriz dar uns conselhos pra ele, sobre a faculdade. Quando os vi aos beijos, achei muito engraçado.
Beatriz, porém, ficou preocupada. Mais de dez anos mais velha que o rapaz, ela não sabia como encarar Vilma. Terminou o beijo, expulsou o rapaz do carro, disse tchau rapidinho e arrancou.
— Calma, gatinha, não tem problema, não — Fernando garantiu. Mas ela estava envergonhada.
— Eu não sabia o que fazer, achei que tinha perdido a amiga. Vilma não me ligou no dia seguinte e eu entrei em pânico. Mas, ao mesmo tempo, havia adorado o beijo — lembra Beatriz.
Só a vida dos dias de hoje pode explicar o que aconteceu depois. Vilma foi a responsável pela aproximação do casal. Num domingo, marcou um almoço em casa, os dois conversaram e se acertaram.
— Você não tem ciúmes? — eu quero saber.
— Já senti de outras namoradas dele, mas não da Beatriz. Acho até que ela corre mais perigo que ele, porque Fernando está na fase de não saber direito o que quer. Pode mesmo machucá-la.
Beatriz, porém, diz que encara uns arranhões.
— É lindo quando ele me chama de gatinha. Então agora também não o chamo mais de Fernando. Só o chamo mesmo é de gatinho.
Publicado em 17 de agosto de 2008 na Diário DEZ!
Do lado de fora do carro, Vilma também levou um susto quando viu a cena. Ela havia saído primeiro do carro e, no meio da chuva, correu para abrir a porta de casa, já que era tarde da noite. Virou automaticamente a chave na fechadura e se voltou para trás para esperar por Fernando, seu filho caçula. Mas, ao invés de dizer o último tchau para Beatriz, sua melhor amiga, o que viu foi o seu filho aos beijos com ela.
Vilma não havia percebido nada de suspeito entre os dois. Nenhum clima durante a festa, para a qual ela levou o filho apenas para espairecer. Era o aniversário de uma amiga das duas.
— Vamos, Fê, vai ser legal você conversar com gente mais experiente, que já está batalhando no mercado há um tempão — disse Vilma ao filho.
Fernando estava naquela fase de não saber o que estudar, que faculdade seguir. Já havia iniciado dois cursos e agora pensava num terceiro.
— Só vi que os dois conversaram a noite toda. Eu havia pedido para Beatriz dar uns conselhos pra ele, sobre a faculdade. Quando os vi aos beijos, achei muito engraçado.
Beatriz, porém, ficou preocupada. Mais de dez anos mais velha que o rapaz, ela não sabia como encarar Vilma. Terminou o beijo, expulsou o rapaz do carro, disse tchau rapidinho e arrancou.
— Calma, gatinha, não tem problema, não — Fernando garantiu. Mas ela estava envergonhada.
— Eu não sabia o que fazer, achei que tinha perdido a amiga. Vilma não me ligou no dia seguinte e eu entrei em pânico. Mas, ao mesmo tempo, havia adorado o beijo — lembra Beatriz.
Só a vida dos dias de hoje pode explicar o que aconteceu depois. Vilma foi a responsável pela aproximação do casal. Num domingo, marcou um almoço em casa, os dois conversaram e se acertaram.
— Você não tem ciúmes? — eu quero saber.
— Já senti de outras namoradas dele, mas não da Beatriz. Acho até que ela corre mais perigo que ele, porque Fernando está na fase de não saber direito o que quer. Pode mesmo machucá-la.
Beatriz, porém, diz que encara uns arranhões.
— É lindo quando ele me chama de gatinha. Então agora também não o chamo mais de Fernando. Só o chamo mesmo é de gatinho.
Publicado em 17 de agosto de 2008 na Diário DEZ!
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