quinta-feira, 30 de junho de 2011

27/06/2010 O primeiro baile

06/27/2010 o primeiro baile A escadaria à sua frente parecia monumental. De salto alto, Cibele tratou de subir cada degrau bem devagar, com medo de tropeçar e chamar a atenção. Já estava só, o que era o suficiente para se sentir constrangida. Não precisava de um desequilíbrio gratuito por causa de um degrau estúpido. Era seu primeiro baile. Tinha combinado ir com um casal de amigos que, na última hora, não pode comparecer. — Desculpe, Ci, mas a Belinha está com febre. Fica pra próxima — foi a desculpa da amiga. Cibele tinha duas opções: desistir do baile ou enfrentá-lo sozinha. Optou pela segunda. Antes, ligou para uma amiga, mais acostumada a ser descasada. — Abre um vinho e bebe uma taça antes de sair. Não, bebe duas — foi o conselho. — E não chega cedo e nem senta em mesa. Fica no bar, observando. Se tiver clima para ir para uma mesa sozinha, vai. Cibele bem que tentou cumprir as dicas à risca. Solene, abriu o vinho argentino que tinha em casa e sorveu uma taça. Mas, ansiosa do jeito que estava, quando viu, já tinha tomado a garrafa quase inteira. Cochilou um pouco no sofá enquanto a novela das oito passava e, quando acordou, olhou o relógio da parede e levantou num susto: — Deus, vou chegar tarde demais ao baile! Trocou-se rapidamente e colocou a sandália vermelha de salto, a mais bonita que tinha, sem nem se lembrar que não era a mais confortável. Maquiagem básica, chiclete de menta na bolsa, celular, batom e pronto. Estava cheia de coragem para enfrentar o baile sozinha. Pegou o carro e saiu com o mapa na mão. Seu carro não tinha GPS. Se perdeu um pouco e, quando achou o lugar, o estacionamento estava praticamente lotado. Mas ainda conseguiu vaga: “Por enquanto, tudo bem!”. Só lamentou a sandália que calçou quando viu a escadaria. Mas sentiu-se vitoriosa quando chegou ao topo. Ao entrar no salão, porém, o pânico voltou. Procurou o bar, mas ele não existia. Só mesas ao redor da pista, a maioria já ocupada por grupos de amigos e casais. Sorte que, aparentemente, ninguém reparava nela. Começou a andar displicentemente entre as mesas, como se estivesse procurando alguém. E, na verdade, estava. “Alguém conhecido, pelamordedeus!”, pensava. Até que, do outro lado do salão, lá estavam elas: algumas colegas da aula de dança, que tinham dito que não iam ao baile. — Não tinha o seu número para avisar que vínhamos! — disse Amélia, a mais divertida delas. Cibele respirou aliviada e pediu uma cerveja. De repente, avistou Gil, outro colega da escola. Já tinham flertado. Meio sem jeito, dançaram uma e depois mais uma. Para um primeiro baile, estava bom. Ela ainda nem dançava direito e o que mais queria de verdade logo viria. E naquela mesma noite.

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