quinta-feira, 30 de junho de 2011

18/07/2010 A sabedoria da tia-avó

07/18/2010 a sabedoria da tia-avó Meire deveria ter dado ouvidos à sua tia-avó. Mas, no auge dos seus 24 anos, achava que a opinião de uma velha viúva de 70 anos, mesmo sendo a pessoa mais avançada que conhecia, era uma grande bobagem. Afinal, seus pensamentos só podiam estar poluídos por preconceitos. A opinião da senhora sobre o novo namorado de Meire foi direta. Num domingo, quando a família estava reunida para o almoço, a tia quis saber o porquê de tanta felicidade da sua sobrinha preferida. — Estou namorando, tia. Ele é o máximo. Virá aqui hoje e vou apresentá-lo a todos. — Nossa, quero conhecer. Como ele é, quantos anos tem? Já estão pensando em casar? — Lógico que não, tia. Ele é 15 anos mais velho que eu e acabamos de nos conhecer. É um homem centrado, maduro. E já foi casado... três vezes. — Olha, minha filha, se já teve três mulheres, desiste logo porque é fria. A moça ficou desconcertada. Nunca tinha imaginado que a tia-avó tão moderna, que morou sem casar com um homem, que foi a primeira a fumar da família, que até pulou de paraquedas, pudesse ter uma opinião tão careta. Só podia ter regredido. Decidiu deixar pra lá. Naquele mesmo dia, a tia querida e o resto da família conheceram Carlos e todos se apaixonaram por ele. Ela e a tia não tocaram mais no assunto. Um ano depois, Meire e Carlos resolveram morar juntos. O casal era impecável. Daquele tipo que todos, amigos e parentes, dizem ser perfeito. Combinavam em gostos e opiniões. Nunca brigavam. Até sobre os filhos, que os dois tinham tido em relações anteriores, eles concordavam. A sintonia era tanta que apenas morar juntos não bastava. Resolveram casar, fazer festa, formalizar sua felicidade. Ela, relações públicas, e ele, administrador de empresas, montaram um belo apartamento na Vila Mariana. Ela levou a filha, que já tinha 7 anos. Ele montou um quarto para o filho, que estava com 9. A vida dos dois, aos olhos de quem via de fora, era perfeita. Mas, dentro de casa, a vida íntima do casal era cada vez mais tensa. Durante o namoro, Meire diz que não gostava de algumas manias de Carlos. Mas, apaixonada, achava que era coisa da cabeça dela. Hoje, se arrepende de ter deixado de lado sua intuição. — Quando íamos ao motel, eu não gostava, mas achava natural vê-lo sempre colocar a TV no canal de filmes adultos. Já tinha tido outros namorados que também gostavam. Mas um dia tivemos que mudar de quarto porque o canal pornô do nosso estava fora do ar. Ele fez um escândalo. Casada, Meire começou a perceber que o amor nunca tinha preliminares. Ela reclamava, mas Carlos não mudava. Depois do jantar, ele sempre ficava no computador. Quando ela se aproximava, percebia que estava em um site pornográfico. A situação passou a incomodá-la demais na medida que constatou que, imediatamente após desligar o computador, ele a procurava na cama, sem nenhum jogo de sedução para excitá-la. — E, depois do sexo, virava e dormia. Se eu gostei, ele nem queria saber — lembra. Foram dois anos de convivência. O “problema” a fez ficar doente e perder o emprego. Até que, numa reunião de família, reencontrou a velha tia-avó. A idosa era dona de uma ótima memória. Vendo a sobrinha tão abatida, quis saber: — Então, filha? Pelo jeito, já descobriu por que seu marido já se separou três vezes, não é?

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