quarta-feira, 1 de junho de 2011

21/05/2011 - Com o padre pode


 A igrejinha no topo do morro não lhe dizia nada. O prédio simples não lhe inspirava nenhum sentimento nem curiosidade. Anita, de verdade, não se importava com a religião. O que ela queria era sair de casa, deixar o cabresto do pai, que a proibia de frequentar festas, sair com a turma e namorar. E, de repente, a igrejinha no topo da morro lhe pareceu uma ótima saída.
Soraia, sua melhor amiga, foi quem deu a dica:
-  Eu vou este final de semana a um encontro de jovens lá da igreja. Vamos passar num sítio.
-  Mas sua mãe vai deixar você viajar com eles?
- É que o padre também vai.
O olho de Anita brilhou. Ela sempre sonhou viajar sem a família. E bem que tentou ir ao passeio, mas não pode. Foi conversar com o padre e só o que conseguiu foi descobrir que, para ser do grupo de jovens, tinha de frequentar a igreja.
Foi por esse motivo que Anita começou a ir à missa todos os domingos. Também tentou se inscrever no grupo de jovens, mas de novo não conseguiu: não tinha a primeira comunhão.
Sem desistir, ela entrou no catecismo. Todo domingo à tarde, antes da missa, lá estava ela tendo aulas com as crianças pequenas. Empenhada,  logo conseguiu tomar a hóstia.
- Estou impressionado com você - foi o primeiro elogio que recebeu do padre Pedro.
Ela corou, seu coração bateu mais forte e um arrepio desconhecido tomou conta do seu corpo.
Jovem e bonito, o pároco estava na igrejinha há pouco mais de dois anos. E, na verdade, não era só o  empenho de Anita que o admirava. Ele a desejava e evitava pensamentos com a jovem.
Mas um fogo tinha acendido na adolescente e ela decidiu que ia conquistar o padre. Sempre por perto, disponível e insinuante, Anita aos poucos conseguiu quebrar as resistências do religioso e, depois do primeiro beijo, não teve o que pudesse segurá-los. Eles se encontravam até na sacristia.
Aos 17 anos, Anita começou a ter um caso com o padre Pedro. Aos 18, o primeiro filho deles nasceu. Ela foi expulsa de casa, mas Pedro assumiu o relacionamento, largou a batina e os dois se casaram. No civil. Nunca mais, porém, tiveram coragem de pisar na igrejinha do topo do morro.

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