quinta-feira, 30 de junho de 2011

16/05/2010 viagem de mentira

05/16/2010 viagem de mentira Foi um trabalho e tanto convencer o pai de Regina a deixá-la encarar aquela viagem. Marta e Suzete foram pessoalmente falar com o velho espanhol. Ele tinha um ciúmes doentio da filha e nunca a deixava sair à noite. Conseguir convencê-lo a deixar Regina ir num passeio para a praia seria um desafio e tanto. Marta falou primeiro: — Nós vamos para o apartamento do meu primo, no Guarujá. A mulher e os filhos dele estarão conosco. O senhor pode ligar para ele. Aqui está o endereço — mentiu. Na verdade, as três planejavam um passeio mais longo. A aventura incluia o litoral norte, com uma esticada até Paraty. O velho titubeou, falou grosso, disse que iria conferir o endereço, mas o olhar angelical das duas amigas de sua filha o convenceram. Os pais de Marta também não sabiam de toda a verdade. Ela disse para eles que só as meninas iriam à viagem, e até Bertioga. Ao pai, principalmente, jurou que o namorado não ia. Isso porque o cara sismou de aparecer na véspera da viagem, bêbado, na sua casa. — Este cara não vai viajar com você, vai? — quis saber o pai, fazendo cara de mau. — É lógico que não, né, pai. Nem conheço ele direito — outra mentira. E, durante o passeio, Suzete ainda teve a cara de pau de ligar para a mãe, quando estavam abastecendo em Caraguatatuba. — Aqui em Peruíbe está um sol danado, mãe. Não é de estranhar que tanta mentira tenha dado no que deu. Parecia até castigo. Os três casais viajavam em uma Kombi velha. Só o pneu da “lata velha” furou três vezes na ida. Na divisa com o Rio, foram parados pela polícia. — Podem abrir todas as malas que vamos revistar tudinho — mandou um oficial. Por sorte, a turma não carregava drogas, mas o carro ganhou três multas e só não foi retido porque as moças imploraram. Em Paraty, porém, mais problema: as pousadas estavam lotadas. — É Carnaval. Vocês não achavam que iam encontrar lugar fácil, né? — provocou a recepcionista da pensãozinha horrorosa onde encontraram um único quarto. Enquanto dois casais dividiram o quarto, o outro foi dormir no carro. No dia seguinte, num passeio pela cidade, Regina foi roubada. Na segunda noite, caiu uma tempestade na cidade e eles descobriram que o quartinho do hotel era cheio de goteiras. Decidiram voltar mais cedo para casa. Mas, em Ubatuba, o motor da Kombi fundiu. E lá se foi o resto do dinheiro que tinham. Terminaram o passeio com “chave de ouro”. Era a “cereja do bolo”. — E aí filha, foi legal o passeio? — quis saber a mãe de Marta, assim que ela chegou. — Foi mãe. Nunca me diverti tanto. Foi tudo, tudo ma-ra-vi-lho-so — mentiu, é lógico.

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