quinta-feira, 30 de junho de 2011

23/05/2010 Mudança radical

05/23/2010 mudança radical Sua roupa colorida e bom humor constante causavam estranheza a quem só a conheceu quando jovem. Antes, Marta não costumava ser tão expressiva, tão sociável, tão aberta. A mudança de comportamento era surpreendente. E a própria Marta não reconhecia a jovem que foi. — Aquela menina era muito boba, não sabia aproveitar a vida — dizia. Marta costumava ser muito rigorosa com a vida. Casou cedo, com 20, e virgem por “convicção”, como ela mesma gostava de falar. Seu sonho era ter uma família, um casal de filhos, uma casa grande e bonita no melhor bairro da cidade. Não queria trabalhar fora. Queria ser dona de casa. E não ligava para quem a chamasse de antiquada. Para os filhos, antes mesmo de nascerem, já tinha planos. A menina seria sua companheira e, como ela, se casaria cedo. Mulher, definitivamente, não precisava trabalhar fora. Mas tinha que saber tudo de casa. O menino faria faculdade. Mas Marta era muito rigorosa e, para os jovens, tudo era proibido. Também não tinha uma relação de amigos e só visitava alguns parentes. Ninguém a visitava. Ela não insistia, pois não gostava de bagunça na sua casa. Então, quando os filhos cresceram e passaram desordenar a sua ordem, Marta se incomodou. As brigas eram diárias. Mas a gota d’água foi quando os dois, então com 15 e 16 anos, apareceram cada um com uma tatuagem. Marília desenhou uma borboleta no calcanhar esquerdo. E Emerson uma cobra no ombro direito. Marta chorava sem parar. O marido não dava a mínima. Então, depois de um mês de reclamações, e de quase 18 anos de silêncio, ele, que nunca falava nada sobre o que a mulher fazia, resolveu tomar uma atitude: fez a mala e foi embora. A filha, que descobriu estar grávida, foi com ele. Tudo o que Marta planejou perdeu o sentido. Com 36 anos, sem nunca ter trabalhado, ela agora vivia só com o filho num casarão. Ela podia ter adoecido. Tudo levava a crer que ela não ia aguentar. Mas, talvez porque o choque foi grande demais, a sua reação também foi surpreendente. Já que tudo o que ela defendia até então se desfez, ela partiu para fazer o que nunca imaginou que faria. Primeiro, tratou de trabalhar. Começou a cozinhar para fora e transformou a própria casa em um restaurante. Passou a fazer aulas de dança e, religiosamente, vai aos bailes aos sábados. Também mudou seu modo de se vestir e hoje o seu guarda-roupas é repleto de cor. E, por incrível que pareça, com 50, fez a primeira tatuagem. Agora já são quatro: uma fada no ombro, um flor na nuca, uma tribal no tornozelo e um pássaro azul na cintura.

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