terça-feira, 4 de outubro de 2011

7/11/2010 - pra mudar vai demorar

pra mudar vai demorar – Ela me enfeitiça!




É assim que Anderson justifica o fato de ainda estar com Claudete. Ele não a ama, garante. Mas não consegue lhe dizer um definitivo “Não te quero mais, acabou!”. E isso mesmo sabendo tudo o que Claudete lhe fez.





Anderson e Claudete moraram juntos por dois anos. No começo, eram só os dois. A família dele ajudou a montar a casa, porque o rapaz é pedreiro, ganha pouco, e ela não trabalha. Um ano depois, Claudete trouxe para morar junto com eles a mãe e a filha de 10 anos, que teve quando era adolescente. Mais um ano e Claudete quis se separar. Mas não disse nada para Anderson. Só os amigos e a família dela sabiam. Um belo dia, quando o rapaz voltou do trabalho, encontrou sua casa vazia. A moça tinha partido e deixado um bolo para ele comer em cima da mesa. Anderson quase enlouqueceu. Descobriu que tinha sido traído, que um outro homem havia financiado os móveis da nova casa dela, da mãe e da filha. Mesmo assim, queria revê-la. Com a desculpa da raiva, ele insistiu em encontrá-la para lhe dizer “poucas e boas”. Até que conseguiu. Mas eles, para espanto de todos, voltaram a namorar.





– Ela explicou que não queria me deixar, que foi pressionada pela mãe – me contou.





– Mas e a traição? E o outro homem?





– Eu não sei o que fazer. Eu sei disso. Também sei que ela só gasta, não trabalha nada. E, pensando friamente, nem gosto tanto dela assim. Mas ela me enfeitiça! – me respondeu.





Anderson parece sofrer de uma “síndrome” que já vi em alguns outros homens, que temem decidir o rumo da própria vida e vão deixando as coisas se resolverem sozinhas, mesmo quando estão infelizes. É como se pensassem assim: “Estou com ela, está ruim, mas dá trabalho terminar. Então, vou ficando até quando ela resolver ou cansar.”





– Quero lhe dizer uma coisa: estou com uma mulher que não amo. Ela me atormenta e me paralisa – foi com essa frase que Álvares começou seu desabafo comigo. E continuou:





– Há dois anos, comecei um namoro com a Maria achando que ia ser muito bom, diferente. Mas o nosso relacionamento virou um tormento. Eu ando triste como nunca, imobilizado para a vida. Já falei para ela que temos que terminar, porque nós só fazemos mal um para o outro. Mas ela não se convence e eu não consigo resolver, mandar ela embora.





– Como assim? Se não gosta, não dá certo, termina. É muito simples, não é? – respondi, sem compreender como alguém pode manter uma situação infeliz tendo nas mãos os instrumentos para resolver o problema.





– Não é tão fácil. Eu não sei brigar... – assim, lacônico.





Fui, então, conversar com um outro amigo, um exemplo para mim. O cara teve três noivas, terminou com as três depois de estar com as casas montadas, e casou com uma quarta, sem noivar e nem ter casa. Hoje está solteiro, mas há mais de um ano que “fica” com Joana, uma ex-namorada, sempre afirmando que vai acabar de vez “amanhã”. Perguntei porque os homens se comportam assim.





– É que tem alguma coisa na mulher que, mesmo que o homem não queira admitir, ele gosta. Ele diz que não gosta dela, mas tem algo que o envolve e que é difícil mesmo de se desvencilhar. Geralmente é o sexo. Olha só o meu caso: já terminei com a Joana, mas para largá-la de vez, só se eu mudar desse país. Então, vai demorar.

Nenhum comentário: