segunda-feira, 3 de outubro de 2011

19/09/2010 - Sebastiana Aparecida

SEBASTIANA APARECIDA Sebastiana Aparecida era o seu nome. E ela o odiava. Desde menina, acostumara-se a ser chamada por apelidos. Os de casa a chamavam de Tiana. Para os de fora, ela era Cidinha ou simplesmente Diana, como a “Diana” cantada na música de Jerry Adriani, que estava na moda naqueles anos 1960.




Quando moça, era com um certo orgulho que ela ouvia os rapazes da escola cantarem em coro para ela: “Não se esqueças, meu amor, que quem mais te amou fui eu. Sempre foi o teu calor, que minh’alma aqueceu. E no sonho para dois, viveremos a cantar. A cantar o amor, Diana...”





E de tanto a chamarem de Diana, ela às vezes até esquecia que se chamava Sebastiana Aparecida. Cada vez mais se identificava como Diana e se sentia contrariada quando alguém citava seu nome verdadeiro. Morria de vergonha da Sebastiana Aparecida.





Como toda moça na sua idade, chegou um dia a sua vez de se apaixonar. Nelson era o nome dele. Rapaz claro, alto, bonito, de boa família. Ele também se apaixonou por ela. Já namoravam há quase um ano quando ele começou a falar em casamento.





Foi só então que Diana se deu conta que Nelson não sabia o seu nome verdadeiro. A moça caiu em desespero. Decidiu revelar a verdade, mas não tinha ideia de como fazer. Ele ia ter vergonha dela? Ia achar que ela havia mentido para ele? O nome seria motivo para ele desistir do noivado? A moça vivia nesse drama pessoal quando, num certo dia, acordou decidida a contar a verdade. Foi com toda a seriedade que ela começou a conversa, sentada com ele no sofá da sala de sua casa.





– Nelson, preciso falar uma coisa muito importante para você.





– O que foi Diana? Pode falar.





– Olha, Nelson, queria te dizer uma coisa que eu nunca tive coragem de contar, mas agora, como nosso namoro está mais firme, acho que tenho que falar.





O moço começou a ficar preocupado. Afinal, que segredo era esse?





– Ora Diana, fala logo. O que é?





– É que eu estou com muita vergonha de contar... Olha, deixa pra lá, falo outro dia.





Diana suava frio e Nelson já imaginava coisas. Será que ela não gostava dele? Será que Diana tinha outro? Será que já tinha tido outro?! E, pior, será que ela não era mais virgem?





Nelson já estava nervoso, com o rosto vermelho e ansioso para saber do que se tratava. Então, ele insistiu mais uma vez, quase brigando com ela para que falasse:





– Diga logo, Diana, o que é, pelo amor de Deus. Começou a falar, termina criatura!





Diana percebeu pelo olhar do namorado o que ele pensava, sua desconfiança. E viu que confusão poderia estar criando se não contasse a verdade. Então, ainda sem coragem de falar, pegou sua identidade, jogou para ele e saiu correndo para o seu quarto.





Nem um minuto depois, Diana escutou uma gargalhada vindo da sala. Saiu devagar do quarto e viu que Nelson mal conseguia falar. Chorava de tanto rir.





– Era esse o segredo?! Sebastiana Aparecida!!!! – caindo de novo na risada.





Naquele dia não teve namoro. Diana ficou furiosa e o mandou embora.





– O que é, está achando graça do meu nome?!





Mas é lógico que Nelson voltou no dia seguinte. Casaram-se, tiveram três filhos e são felizes até hoje.

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