segunda-feira, 3 de outubro de 2011

15/08/2010 - direto ao ponto

direto ao ponto Às quartas, o salão do centro espírita nunca estava cheio. Por isso, Lucimara estranhou quando justo naquela quarta, quando ela faria o seu primeiro atendimento no local, o número de pessoas era tão acima do esperado. Parou na porta e pensou, sinceramente, em fugir dali. Mas seus guias já a haviam advertido que, quando ela começasse a atender, a permitir que eles lhe inspirassem para ajudar outras pessoas, tudo em sua vida mudaria para melhor. E também disseram que o primeiro atendimento seria marcante. E assim, parada na porta, refletindo sobre o que faria em seguida, que ela avistou “ele” no meio da multidão.




– Foi como se um feixe de luz só iluminasse ele no meio de um palco. Deixei de “ver” as outras pessoas. E ele também parou para me olhar.





Lucimara estremeceu e se apressou para entrar. Foi para a área reservada, trocou de roupa, rezou e se concentrou para o novo trabalho. Deveria estar com a cabeça livre dos seus próprios problemas e sintonizada com o alto para captar os bons fluidos e conseguir captar o que os seus mentores lhe inspirassem. Estava convicta: tinha que ajudar as pessoas. Mas, quando seu primero “paciente” foi o homem que lhe chamou a atenção no meio da multidão, Lucimara pensou que seus guias estavam brincando. Gilberto era o seu nome.





– Só pode ser uma provação – pensou.





Com um esforço sobre-humano, ela se concentrou e até que conseguiu dar bons conselhos a Gilberto para o rapaz. Soube logo que ele era casado e que o casamento não ia lá muito bem – a esposa o evitava. “Ouviu” de seus mentores que deveria ter paciência e não se separar. Ele se foi agradecido e ela ficou aliviada. Tinha sobrevivido.





Na quarta seguinte, lá estavam os dois de novo no centro. Os olhares se cruzando e ela vibrando por dentro, só lembrou ao final da sessão de agradecer a Deus porque ele não calhou de se consultar com ela de novo. Mas, do lado de fora, lá estava Gilberto, a esperando. A acompanhou até o ponto, disse que tinha se simpatizado muito por ela, pediu seu telefone. Lucimara gostou.





Naquela semana, Gilberto lhe ligou e convidou para um café, depois do trabalho. Num restaurante discreto, já na mesa, ele foi direto ao ponto:





– Sabe, assim que te vi, me encantei. Mas sou casado, tenho filhos, minha mulher é doente e não vou largá-la. Mas preciso de alguém para conversar, trocar carinho, transar. Alguém que fique só comigo. Eu não vou ter outra pessoa. Você aceita?





Lucimara não pensou duas vezes. Conversaram umas duas horas e, depois, foram direto para um motel. Nem sei quanto tempo vivem assim. Só sei que quando o e-mail dele chega perguntando “Você pode hoje?”, minha amiga sai mais cedo do trabalho e volta deslumbrante no dia seguinte. E nunca, nunca mesmo é numa quarta-feira.

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