sexta-feira, 3 de julho de 2009

Cheiro Irresistível

Publicado em 02 de março de 2008

Tudo começou em 16 de março, uma sexta-feira. Daniela estava angustiada e de mau humor naquela noite. Cabeça cheia, sem saber direito o porquê, queria mesmo era ir embora daquela baladinha, chegar em casa, tomar um banho e cair na cama. Mas uma coisa e outra a seguraram no boteco, e ela ficou por lá, meio a contragosto.
Até então, Dani não dava muita bola para o que as pessoas chamavam de destino. Mas, a partir daquele dia, passou a desconfiar que, talvez, demônios e anjos competissem no invisível para mudar de vez as vidas dos humanos aqui da Terra.
A noite avançou para a madrugada e, no meio do burburinho, dois homens se aproximaram para conhecer o grupo em que ela estava. Sem disfarçar sua falta de vontade, ela olhou para eles e disse um frio “muito prazer”. Foi aí que aconteceu.
“Senti um cheiro irresistível”, ela me contou.
Foi como uma vertigem. O perfume misturado ao odor natural do rapaz que acabara de lhe dar um beijo descompromissado no rosto estremeceu as suas pernas. Dani sentiu que conhecia aquele cheiro, mas de fato nunca tinha nem visto o moço.
“Era como se eu houvesse perdido aquele cheiro e agora tinha conseguido reencontrá-lo”.
E ela perdeu a razão. Daniela não lembra o que falou para o rapaz, nem quanto tempo levou até que os dois saíssem do bar sem dar satisfações a ninguém.
“Aquilo foi algo sublime. Sei o que senti: não me importava hora ou o dia, eu queria somente estar mais próxima daquele cheiro. Eu me entreguei, não sei se ao homem, mas com certeza ao cheiro que vinha do seu corpo”, ela me escreveu.
O dia amanheceu e Daniela tinha certeza de que, com um desconhecido, havia vivido a experiência mais intensa e feliz de sua vida. Mas com a luz do sol veio a consciência dos compromissos e Daniela se foi.
“Não dei meu telefone a ele, como seria de praxe. Eu é que queria tomar a decisão de me encontrar com ele novamente ou não”.
O sábado foi de estudos para uma prova na segunda-feira. Os números da matemática se misturavam com as cenas da noite anterior, que passavam em flashes na sua cabeça. No domingo ela já estava louca de vontade de sentir aquele cheiro de novo.
“Liguei para ele e foi melhor ainda. Estava me apaixonando por alguém que não conhecia. E sentia por ele uma confiança insuperável”.
O romance vai completar um ano, firme e forte. Num mundo como o de hoje, onde poucos expõem sentimentos e o medo de se machucar por amor prevalece, Dani me parece diferente: quer compartilhar a alegria do que sente. E me escreve:
“É que, para mim, é uma honra poder dizer algo que é mágico, e que acontece com poucas pessoas na vida. E agradeço por ter acontecido comigo”.

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