sexta-feira, 3 de julho de 2009

26 de outubro de 2008

26/10/2008 OLHOS SÓ PARA ELE Alberto tinha tanto medo de perder a mulher que era capaz de se voltar contra todos que tentavam se aproximar dela. Só o amor de Luana não era o suficiente. Alberto a queria com os olhos voltados somente para ele, o tempo todo. Eu me lembro bem do casamento dos dois. Cerimônia fechada, poucos convidados. No final do religioso, a madrinha, Renata, uma das melhores amigas da noiva, foi embora. Nem compareceu à festa. Anos depois, encontrei Renata e perguntei o que havia acontecido naquele dia. — Só não fui embora antes porque ia pegar muito mal. Quando eu e Alberto já estávamos no altar, ele virou para mim e foi muito direto: ‘Olha, você pode ser nossa madrinha, mas não quero mais que saia com Luana sozinha. E nem vá em casa quando eu não estiver lá. Já percebi como olha pra ela! Não esqueça! Ela é minha mulher!’ Renata ficou chocada e sumiu da vida do casal. — Ele achava que eu dava em cima da Luana! Luana nunca entendeu o que havia acontecido. Tentou algumas vezes falar com Renata, mas ela mandava dizer que não estava. Alberto, por sua vez, fazia pinta de indignado. — Ela sempre foi louquinha, mesmo! — brincava, e Luana seguia sem entender direito o ocorrido. No começo do casamento, ser assim tão grudado a ela agradava Luana. Ela se sentia envaidecida com aquele “Você sabia que eu te amo?” a cada 15 minutos. Até então, ninguém havia se preocupado tanto com ela. No trabalho e na família, era uma mulher alegre, querida, cercada de amigos, mas se sentia solitária. Até aparecer Alberto. Os dois se conheceram na véspera da Páscoa. Ambos tinham pais no interior, iam visitá-los e chegaram uma hora mais cedo na rodoviária. No saguão de espera, sentaram-se um ao lado do outro e começaram a papear. Ao dizer tchau, Luana, deixou seu telefone com Alberto. Uma semana depois, estavam namorando. Em seis meses, decidiram se casar. Com ele, conheceu a companhia constante: nunca tinha estado com alguém tão preocupado com a sua vida. Alberto queria fazer tudo juntinho e sempre dava um jeito para ela não fazer nada sem a presença dele e, de preferência, só com ele. Luana vivia dando desculpas para se afastar das pessoas, mas, aos poucos, percebeu que não era mais ela quem dizia “Desculpe, mas não posso ir”. Eram os convites que não apareciam mais. A falta de liberdade começou a pesar e a moça, antes alegre, passou a exibir uma tristeza assustadora. Um dia, adoeceu. Para quem via de fora a relação, parecia muito claro o que acontecia. Sem liberdade, mesmo com amor, Luana se apagou. Alberto não entendia assim. Ela, mesmo doente, devia pertencer só a ele. Eu tentei visitá-la, mas a reação do rapaz foi até ríspida: — Prefiro que não venha. Ela não precisa de ninguém. Só de mim!

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