sexta-feira, 3 de julho de 2009

21 de dezembro de 2008

21/12/2008 natal mais que feliz Álvares estava ansioso. Havia preparado uma noite de Natal antecipada para Elisa e não via a hora que ela chegasse. A namorada tinha que passar o Natal com a família. Já estava tudo marcado antes mesmo de os dois começarem o relacionamento. Iria com os filhos para a casa dos pais, no interior. Então, organizou uma noite especial para os dois uma semana do dia 25. Tirou um vinho da adega, preparou uma comida leve e comprou presentes. Cada um com um significado diferente. E lhe telefonou: — Passa aqui hoje — convocou. E só o tom da voz dele já deixou Elisa surpresa. Ela era insegura e eles, por causa de uma briga boba, não se falavam havia três dias. Ela telefonava, deixava recados e, quando ele dava retorno, ela não conseguia falar. Já estava imaginando que ele iria desistir. Entre eles, tudo tinha acontecido rapidamente e com muita intensidade. Álvares era muito mais do que Elisa havia desejado ou imaginado. Mas ela vivia com medo, como se corresse o risco de o relacionamento terminar repentinamente, como começou. Era como uma intuição ruim. — É lógico que eu vou — respondeu, com o peito cheio de apreensão, mas torcendo para que fosse a noite de Natal deles. Conseguiu sair do trabalho mais cedo e correu para a casa dele. O encontrou no portão, à espera. — Você demorou! — ele reclamou, num muxoxo, enquanto ela saía apressadamente do carro, louca para lhe dar um beijo. A raiva tinha passado e eles estavam com saudades. Como se ela não conhecesse o caminho, Álvares a levou para a porta. Ao entrar, Elisa levou um susto e perdeu a cor: na sala decorada para o Natal, vários presentes se espalhavam pelo chão. Elisa ficou constrangida. “Não podem ser todos para mim”, foi o seu primeiro pensamento. Mas não teve coragem de dizer palavra. Disfarçou, fazendo de conta que não estava vendo todos aqueles pacotinhos. Envergonhada, lembrou que só tinha comprado um presente para ele — um livro —, após andar muito pelas lojas, sempre com aquela impressão de que não iria agradar. Ele a colocou sentada no sofá e, como se fosse uma confidência, disse que adorava presentear no Natal. Era uma coleção de objetos simples, mas que tocavam o coração. Um porta-retratos (para a foto dele estar sempre na mesa de trabalho dela, disse), um pote cheio de bombons (para uma relação sempre doce), uma pedra que simbolizava o coração dele (agora nas mãos dela...). Álvares não tinha idéia, e talvez nunca venha a ter, do quanto fez Elisa feliz naquele Natal. Mas, por mais que na hora do brinde ela tenha desejado que aquele momento se repetisse por vários anos com ele, o romance dos dois durou pouco. O fim aconteceu por causa de um desencontro sutil. Foram só sensações, que não tinham tradução em palavras. Para Álvares, ela parecia indiferente. Mas ela só não conseguia demonstrar na vida prática o quanto ele era importante para ela.

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