sexta-feira, 3 de julho de 2009

14 de dezembro de 2008

14/12/2008 um beijo cúmplice Depois de passar o dia todo se preparando para encontrar seu grande amor, Tereza recebeu, no fim da tarde, o telefonema que temia: a secretária de Gilberto dizia que ele não poderia ir “no jantar”. — Ele teve uma emergência e mandou dizer que lhe liga no começo da semana que vem. Tereza caiu das nuvens. Ela sabia que aquilo era só mais uma desculpa. Afinal, já tinham sido vários encontros sem dar certo. E ela fingia acreditar nas suas diversas desculpas. Mas, naquela noite, apesar da tristeza, decidiu que não ficaria em casa, chorando. Ligou para algumas amigas, decidida a cair na farra. — Eu vou jantar com uns colegas de trabalho. Vem com a gente que depois vamos dançar — lhe propôs Juliana. Depois do jantar num restaurante da Vila Madalena e da esticada para um bar no Centro da cidade, metade do grupo seguiu para a casa de Juliana. A idéia era não deixar a noite acabar. Lá, a festa continuou mais íntima, regada a vinho. Apesar de mais animada, Tereza não conseguia esconder uma sombra no olhar, uma tristeza que Juliana conhecia muito bem. Afinal, acompanhava o caso complicado da amiga desde o início. Sentadas no sofá, enquanto conversavam sobre o dia, Tereza, enfim, desabafou e desabou. Sem saber ao certo o que fazer, Juliana colocou a cabeça da amiga no seu colo e começou a lhe fazer um cafuné. A mão macia foi descendo pelo pescoço e, quando Tereza percebeu, Juliana estava acariciando seus seios. Impossível saber se alguém mais na sala notou. Mas, de fato, estavam tão absortas que não se importavam com a exposição. De repente, Juliana parou e disse: — Eu não vou fazer isso com você, Tereza. — Fazer o quê, Ju? — respondeu, sorrindo. É que Tereza sentiu no gesto de Juliana algo que ia além do desejo: era puro carinho e amor. Tudo que precisava naquela noite. Não podia terminar em culpa. Dançaram na pista improvisada da sala até quase amanhecer. Na hora que Tereza decidiu ir embora, Juliana a acompanhou até a saída e, quando a luz do hall do elevador se apagou, aproveitou para dar um longo beijo na boca da amiga. Tereza aceitou e correspondeu. Na manhã seguinte, Tereza acordou feliz. Não havia esquecido Gilberto, mas sentia que havia conhecido um outro tipo de afeto. As duas trabalham juntas até hoje. Nunca falaram do toque, nem do beijo. Mas também não há constrangimentos entre elas. Só seguem sua rotina, mais cúmplices do que nunca.

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