sexta-feira, 3 de julho de 2009

30 de novembro de 2008

30/11/2008 com ela e os filhos — Eu sempre me dou bem com mulheres que têm filhos — Henrique lhe contou. Solange ouviu aquilo e achou graça. Henrique parecia querer dar a ela confiança com uma cantada batida, usada para conquistar mulheres que se sentiam solitárias, mas que costumavam ter problemas com os filhos quando arrumavam um novo namorado. Solange não sabia se esse seria o caso dela. Depois da separação, Solange não tinha tido nenhum namorado e, portanto, nunca havia pensado no assunto antes. Por Henrique, estava apaixonada e não conseguia imaginar como o fato de ter filhos poderia atrapalhar o seu sentimento. Talvez por isso, na hora que ele disse a frase, Solange tenha se surpreendido, pensado inicialmente que era só um jogo de conquista. “Já nos conhecemos há tanto tempo. Ele não precisava disso para me conquistar”, foi a primeira coisa que pensou, enquanto dava uma risadinha meiga. — É verdade! — ele continuou. — As crianças normalmente me adoram! Ela sentiu que ele não mentia. Tinham sido namorados na adolescência e sabia sobre o seu carisma com os pequenos. Mas não lhe pareceu que aquilo fosse importante para o reinício de um namoro: — Eu sei que elas te adoram. Isso não me preocupa. A Gabi e o Paulo também vão gostar de você. Com o passar do tempo, Solange apurou o olhar ao jeito de Henrique com seus filhos. Sentia a ansiedade do rapaz. Notou que ser querido pelas crianças era nele uma necessidade real. Solange gostava da preocupação, mas sua intuição dizia que tinha algo a mais em toda aquela história. Gabi tinha 6 anos e Paulo estava com 8. O pai deles vivia viajando a trabalho e sempre tinha uma desculpa para adiar encontros com os filhos. Já Solange mantinha com os dois uma relação aberta e estava sempre presente. Os três eram unidos. Já Henrique não tinha filhos. E era visível que admirava Solange e os seus. Então, sem que ela pedisse ou convidasse, ele passou a acompanhá-la em todos os eventos que tinha que ir por causa das crianças. Era como se ele quisesse ocupar o espaço deixado pelo seu ex-marido. E ela, acostumada com sua independência, começou a se irritar. Um dia, quando as duas crianças foram passar um fim de semana com o pai, ela percebeu que Henrique estava com ciúmes. O pressionou e ele confessou: — É que não pude ter filhos. Então, procuro nunca namorar uma mulher sozinha. Quero mesmo é casar com uma família. A confissão a deixou apavorada. Gostava de Henrique e queria namorar, mas a última coisa em que pensava naquele momento de sua vida era em um novo casamento. — E você fez o quê, então? — eu quis saber. — Mandei ele embora. Foi uma pena. Mas, pra mim, a minha família já tem um bom tamanho!

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