domingo, 10 de abril de 2011

21/03/2010 - UMA MISSÃO CUMPRIDA

Foi uma sensação de missão


cumprida, de satisfação

por ter seguido uma intuição

meio incompreensível no começo,

dolorida até porque significava

ruptura, mas certeira.

Era uma pena aquela separação,

todos me diziam:

—Porque ele é tão bom e

vocês se dão tão bem!

Mas, agora, um ano depois,

não conseguia deixar de esconder

meu sorriso, minha felicidade.

Queria, sozinha que

estava, correr pela rua como

uma criança, ou comoalguém

que sabe que terminou bem

um ciclo, uma história, uma

parte da vida, e quer comemorar.

Simplesmente porque pode

seguir em frente sem ter que

olhar o que ficou para trás, sem

pendências a resolver, sem

rancores a cicatrizar.

Saí de lá já pensando em escrever

sobre essa sensação boa,

dividir essa satisfação com o

mundo, registrar para não esquecer.

É que, afinal, não é todo

dia que a gente recebe a notícia

de que o ex-marido está

namorando. E fica muito feliz.

“Meu Deus, que notícia

boa! Como é bom ver de novo

sua cara feliz”, digo, para mim

mesma, enquanto ele me dá alguns

detalhes do seu novo romance,

animado, meio sem

jeito, naquele tom de quem

confidencia algo muito importante,

que pode mexer com

a vida da gente.

— Eu já sabia — disparo,

porque quando ele conta que

está namorando já adivinho

com quem e até desconfio desde

quando. E ele me olha meio

incrédulo, é lógico.

— Como?

— É que era tão óbvio. Ela

gosta de você há tanto tempo,

estava tão na cara. Eu já havia

lhe dito isso.

Engraçado esta sensação.

Estou conseguindo contrariar

minhas amiga, que sempre diziam

que eu ir sentir ciúmes

quando meu ex começasse a

namorar. Eu sempre duvidei

disso, até porque a decisão sobre

a separação, para mim, foi

tomada com tanta lucidez e

certeza, que eu não via onde

caberia o ciúmes no final.

Uma das preocupações dele

era com a Bia, nossa filha de 9

anos. Como a pequena ia reagir?

Ia aceitar a namorada do

papai? Mas nem isso me preocupava.

É que, comela, eu já

vinha falando a respeito há um

tempo. Em casa, já tínhamos,

numa íntima conversa feminina

entremãe e filha, especulado

sobre o namoro do pai dela,

que a gente suspeitava estar rolando.

Também puxei o assunto

antes, para preparar o seu

espírito, ver sua reação para algo

que estava ali, maduro para

acontecer, e que era inevitával.

—Desencana, eu já falei

pra ela, e faz tempo. Você só está

me dizendo algo que nós já

sabíamos. Eu e você fizemos

tudo direitinho, fica tranquilo.

Ela vai achar natural.

Eu explico o que é fazer tudo

direitinho. Desde que decidimos

pela separação, começamos

a conversar comnossa

filha. E falamos muito. Explicamos

principalmente que o

romance, a paixão e a “vontade

de namorar” acabam, mas o

amor, não. E que a gente sempre

ia se gostar. Éramos como

irmãos, como amigos. Foi o

jeito simples de explicar para

uma criança o que significava

o fim do tesão.

Cheguei em casa e fui logo

contar a novidade para ela. E a

reação foi uma gargalhada.

— O importante é ele estar

feliz, né, mãe?

— É isso aí, Bia. E agora ele

está bem melhor, não é?

— É, eu também acho!

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