Miranda ficou surpresa
com a declaração:
— Te amo desde quando
nós éramos crianças!
Com as duas mãos, Pedro a
segurava pelos ombros como
se tivesse medo que escapasse.
Ela se deixava fixar na cadeira,
enquanto aquele quase estranho
contava como seu amor
tinha surgido. Quem visse a
cena diria que Miranda estava
hipnotizada.Mas, na verdade,
ela estava atenta ao que Pedro
dizia, tentando puxar da memória
as cenas que ele descrevia
com tantos detalhes.
Ela era uma menina de
pouco mais de 8 anos quando
eles se conheceram na fazenda
do Paraná onde ele morava.
Pedro era um primo distante.
Enquanto os adultos tomavam
café na casa grande, ele a
levou junto comoutras crianças
para conhecer o pomar.
Miranda se admirou com o tamanho
das jabuticabeiras, todas
carregadas. A molecada
subiu nas árvores e começou
uma “guerra” de jabuticabas.
— Você foi cuidadoso comigo,
eu me lembro. Me ajudou
a descer da árvore.
— Naquela hora eu me
apaixonei por você. Sempre
quis saber como você tinha ficado,
em que mulher tinha se
transformado. Está linda!
O reencontro, quase 15
anos depois da brincadeira no
pomar, acontecia em uma festa
de casamento no interior de
São Paulo. Miranda ficou lisonjeada
com os elogios do
primo distante. Criada na cidade
grande, gostava de parecermais
avançada emoderna
que suas primas da cidadezinha.
Naquela noite, depois da
declaração do primo, que também
tinha virado um homem
cobiçado, caiu em seus braços.
Ficaram juntos a festa inteira
mas, no final, não prometeram
nada um para o outro. Para
ela, tudo tinha acabado ali.
Um mês depois, em um fim
de sábado, Miranda estava em
casa se arrumando para sair
com seumais novo namorado
quando o pai dela bateu na
porta do quarto:
— Esqueci de te falar, Mi.
Aquele rapaz, filho do meu
primo, está vindo pra cá. É Pedro
o nome dele, não é? Ele gamou
em você, hein?
O pai falou aquilo com um
tomde gozação que Miranda
conhecia bem. Ele e a mãe iam,
naquela noite, à festa de 2 anos
do filho de um amigo. Não tinham
planejado fazer sala para
o parente distante.
Minutos depois, a campainha
tocou. Era Pedro, de mala
na mão.Miranda não sabia o
que fazer. O namorado novo
estava para chegar. Ela se trancou
no banheiro para pensar,
enquanto Pedro conversava
com o seu pai, na sala. E aí a
campainha tocou de novo.
Agora era o namorado.Amoça
não teve dúvidas. Saiu do
banheiro e encarou Pedro:
— Olha, eu já tinha um
compromisso.Meu namorado
acabou de chegar. Se você
vai dormir aqui, a gente se fala
amanhã. Tchau!
O moço não respondeu. Ela
esticou a mão para ele e se foi.
Quando voltou para casa, já de
madrugada, deu graças a Deus
que todos dormiam. No dia seguinte,
percebeu que Pedro
não tinha ficado lá. E perguntou
ao pai:
— E o Pedro?
— Ele foi na festinha com a
gente e depois foi embora.
Nuncamais o rapaz apareceu.
Nunca mais deu notícias.
Anos depois, Miranda soube
que ele havia casado e vivia,
ainda, na mesma fazenda no
Paraná. Tinha cinco filhos.
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