domingo, 10 de abril de 2011

04/04/2010 - Paixão de menino

Miranda ficou surpresa


com a declaração:

— Te amo desde quando

nós éramos crianças!

Com as duas mãos, Pedro a

segurava pelos ombros como

se tivesse medo que escapasse.

Ela se deixava fixar na cadeira,

enquanto aquele quase estranho

contava como seu amor

tinha surgido. Quem visse a

cena diria que Miranda estava

hipnotizada.Mas, na verdade,

ela estava atenta ao que Pedro

dizia, tentando puxar da memória

as cenas que ele descrevia

com tantos detalhes.

Ela era uma menina de

pouco mais de 8 anos quando

eles se conheceram na fazenda

do Paraná onde ele morava.

Pedro era um primo distante.

Enquanto os adultos tomavam

café na casa grande, ele a

levou junto comoutras crianças

para conhecer o pomar.

Miranda se admirou com o tamanho

das jabuticabeiras, todas

carregadas. A molecada

subiu nas árvores e começou

uma “guerra” de jabuticabas.

— Você foi cuidadoso comigo,

eu me lembro. Me ajudou

a descer da árvore.

— Naquela hora eu me

apaixonei por você. Sempre

quis saber como você tinha ficado,

em que mulher tinha se

transformado. Está linda!

O reencontro, quase 15

anos depois da brincadeira no

pomar, acontecia em uma festa

de casamento no interior de

São Paulo. Miranda ficou lisonjeada

com os elogios do

primo distante. Criada na cidade

grande, gostava de parecermais

avançada emoderna

que suas primas da cidadezinha.

Naquela noite, depois da

declaração do primo, que também

tinha virado um homem

cobiçado, caiu em seus braços.

Ficaram juntos a festa inteira

mas, no final, não prometeram

nada um para o outro. Para

ela, tudo tinha acabado ali.

Um mês depois, em um fim

de sábado, Miranda estava em

casa se arrumando para sair

com seumais novo namorado

quando o pai dela bateu na

porta do quarto:

— Esqueci de te falar, Mi.

Aquele rapaz, filho do meu

primo, está vindo pra cá. É Pedro

o nome dele, não é? Ele gamou

em você, hein?

O pai falou aquilo com um

tomde gozação que Miranda

conhecia bem. Ele e a mãe iam,

naquela noite, à festa de 2 anos

do filho de um amigo. Não tinham

planejado fazer sala para

o parente distante.

Minutos depois, a campainha

tocou. Era Pedro, de mala

na mão.Miranda não sabia o

que fazer. O namorado novo

estava para chegar. Ela se trancou

no banheiro para pensar,

enquanto Pedro conversava

com o seu pai, na sala. E aí a

campainha tocou de novo.

Agora era o namorado.Amoça

não teve dúvidas. Saiu do

banheiro e encarou Pedro:

— Olha, eu já tinha um

compromisso.Meu namorado

acabou de chegar. Se você

vai dormir aqui, a gente se fala

amanhã. Tchau!

O moço não respondeu. Ela

esticou a mão para ele e se foi.

Quando voltou para casa, já de

madrugada, deu graças a Deus

que todos dormiam. No dia seguinte,

percebeu que Pedro

não tinha ficado lá. E perguntou

ao pai:

— E o Pedro?

— Ele foi na festinha com a

gente e depois foi embora.

Nuncamais o rapaz apareceu.

Nunca mais deu notícias.

Anos depois, Miranda soube

que ele havia casado e vivia,

ainda, na mesma fazenda no

Paraná. Tinha cinco filhos.

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