domingo, 2 de janeiro de 2011

01/03/2009 QUESTÃO DE DESEJO

01/03/2009 QUESTÃO DE DESEJO Foi horrível. Melissa não imaginava que a vida de casada, um relacionamento de 20 anos, chegaria àquele fim: numa noite, sem meio-termo, sem desculpas. Simplesmente não. Ela não podia permitir que Caio lhe desse mais um beijo sequer. Não queria que ele a tocasse. O desejo, que já era pequeno, havia desaparecido de vez. Melissa demorou muito para descobrir que o seu problema era a falta de desejo pelo marido. Desde o namoro o fogo da paixão não a aquecia. Mas ela gostava de Caio, eles tinham um relacionamento tranquilo e, assim, Melissa mantinha como queria a regularidade das suas transas. — Eu tinha o desejo sob o meu controle. Ele só acontecia quando eu queria — me explicou. Casada, Melissa passou a apelar para a ameaça de gravidez para se esquivar do marido. Dizia que não podia tomar pílulas e impunha uma rigorosa tabelinha, com um período proibido às vezes exagerado. Caio aceitava as desculpas da mulher. Com o passar dos anos, dos filhos e da maturidade, Melissa começou a achar que tinha algum problema mais sério. Caio sentia cada vez mais desejo e ela não. As amigas contavam histórias de noites maravilhosas com seus parceiros, mas para ela o assunto não fazia o menor sentido. Começaram as crises e as dúvidas: — Por que não desejo o meu marido? Será que sou frígida? — se perguntava. Foi por volta dessa época, com quase 15 anos de casamento, que Melissa conheceu Antero. Ele não era bonito, era até mais velho que Caio, mas exerceu sobre Melissa uma atração que ela nunca havia pensado que existia nesta vida. — Ele não deu em cima de mim. E eu também não me ofereci. Mas não foi necessário. Tudo aconteceu naturalmente. A gente apenas queria ficar junto. E fomos parar na cama. Tudo aconteceu em um único dia. E não foi só sexo. Eu me apaixonei por ele como nunca — ela me contou. Mas Antero foi embora. Eles decidiram não trocar telefones nem endereços, já que tinham família. — Disse a ele que o destino do nosso caso era ser assim: rápido, sem vínculos. E ele se foi. Mas aquele encontro rápido mudou para sempre a concepção de desejo e paixão que Melissa tinha. Pela primeira vez na vida, ela entendeu por que não se sentia atraída pelo próprio marido: — Eu nunca fui apaixonada por ele. E não percebia o quanto isso é importante. Achei que conseguiria envelhecer assim. Mas, agora que sei o que é ter desejo de verdade, não dá. É mais fácil viver sozinha do que compartilhar a vida com quem não se deseja.




ResponderResponder a todosMover...Entradacoisas minhascomprovantesholeritestextos interessantesVivi Colin

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