As três eram garotas que gostavam de correr riscos. Judite bem que tentava mudar a inclinação até meio suicida da filha Lu e de suas duas melhores amigas, Sara e Diana. Mas nunca teve muito sucesso.
Dessa vez, as três haviam decidido conhecer um baile funk no Rio de Janeiro. Judite ficou com o coração na mão, mas como não conseguiu dissuadi-las, achou melhor colaborar. Sabia que o filho de um amigo morava no Rio, e pediu para ele ser o guia das meninas na cidade.
“Ela só não sabia que, sozinhas, a gente se viraria melhor”, disse Lu.
Daniel chegou em um carrão importado no aeroporto para pegar as três moças. De lá, os quatro iam direto para o baile funk no Morro da Mangueira. No carro, a vodca misturada com o flash power era a receita para o esquenta.
“Mas, de repente, eles entraram em uma rua errada e o carro foi sacudido por uma rajada de balas”, contou Judite.
O pânico foi geral. O rapaz achou que tinha levado uma bala nas costas. Não tinha, mas ficou mais desesperado ainda quando olhou para trás e percebeu que os atiradores eram policiais fardados.
“Eu estou sem minha carta de motorista”, revelou, branco e quase chorando de medo.
As meninas estavam confusas, com o coração a mil por causa do tiroteio, mas não perderam o rebolado. Desceram do carro e começaram a falar sem parar com os policiais, todas ao mesmo tempo.
“Nossa, que trabuco! Qual é o nome?”, perguntou Lu.
“O que foi esse tiroteio?”, quis saber Sara. “Fizemos algo de errado?”, completou Diana.
Era uma blitz de rotina. Os policiais tinham dado sinal para o Daniel parar, mas o rapaz nem percebeu e seguiu com o farol alto. Os tiros foram de alerta, para cima.
As meninas se mostraram assustadas. Explicaram que eram de São Paulo e que estavam no Rio para conhecer um baile funk. E que o amigo tinha errado o caminho. Começaram, então, a encher a bola dos policiais:
“O trabalho de vocês é muito importante”, disse Sara.
“E as armas, então! As dos policiais de Sampa são minúsculas”, garantiu Lu.
Diana pegava na mão de um deles e a colocava no lado esquerdo do peito para que ele pudesse sentir o palpitar acelerado de seu coração.
“Vocês nos assustaram, mas entendo. Têm que proteger a comunidade. Se o PCC fosse daqui, não ia ter vez com este batalhão”, afirmou a moça, já sacando da bolsa uma máquina fotográfica.
“Vamos, gente, temos que registrar esse momento”, falou.
Os policiais sorriram envaidecidos e posaram sem cerimônia.
"E, com tanta mulher falando junto, esqueceram de pedir a carteira de motorista do Daniel”, lembrou Judite.
“E o baile funk?”, eu quis saber. “Ah! Foi maravilhoso! Mas esta é já outra história”, completou Lu.
Publicado em 15 de junho de 2008 na Diário DEZ
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Dessa vez, as três haviam decidido conhecer um baile funk no Rio de Janeiro. Judite ficou com o coração na mão, mas como não conseguiu dissuadi-las, achou melhor colaborar. Sabia que o filho de um amigo morava no Rio, e pediu para ele ser o guia das meninas na cidade.
“Ela só não sabia que, sozinhas, a gente se viraria melhor”, disse Lu.
Daniel chegou em um carrão importado no aeroporto para pegar as três moças. De lá, os quatro iam direto para o baile funk no Morro da Mangueira. No carro, a vodca misturada com o flash power era a receita para o esquenta.
“Mas, de repente, eles entraram em uma rua errada e o carro foi sacudido por uma rajada de balas”, contou Judite.
O pânico foi geral. O rapaz achou que tinha levado uma bala nas costas. Não tinha, mas ficou mais desesperado ainda quando olhou para trás e percebeu que os atiradores eram policiais fardados.
“Eu estou sem minha carta de motorista”, revelou, branco e quase chorando de medo.
As meninas estavam confusas, com o coração a mil por causa do tiroteio, mas não perderam o rebolado. Desceram do carro e começaram a falar sem parar com os policiais, todas ao mesmo tempo.
“Nossa, que trabuco! Qual é o nome?”, perguntou Lu.
“O que foi esse tiroteio?”, quis saber Sara. “Fizemos algo de errado?”, completou Diana.
Era uma blitz de rotina. Os policiais tinham dado sinal para o Daniel parar, mas o rapaz nem percebeu e seguiu com o farol alto. Os tiros foram de alerta, para cima.
As meninas se mostraram assustadas. Explicaram que eram de São Paulo e que estavam no Rio para conhecer um baile funk. E que o amigo tinha errado o caminho. Começaram, então, a encher a bola dos policiais:
“O trabalho de vocês é muito importante”, disse Sara.
“E as armas, então! As dos policiais de Sampa são minúsculas”, garantiu Lu.
Diana pegava na mão de um deles e a colocava no lado esquerdo do peito para que ele pudesse sentir o palpitar acelerado de seu coração.
“Vocês nos assustaram, mas entendo. Têm que proteger a comunidade. Se o PCC fosse daqui, não ia ter vez com este batalhão”, afirmou a moça, já sacando da bolsa uma máquina fotográfica.
“Vamos, gente, temos que registrar esse momento”, falou.
Os policiais sorriram envaidecidos e posaram sem cerimônia.
"E, com tanta mulher falando junto, esqueceram de pedir a carteira de motorista do Daniel”, lembrou Judite.
“E o baile funk?”, eu quis saber. “Ah! Foi maravilhoso! Mas esta é já outra história”, completou Lu.
Publicado em 15 de junho de 2008 na Diário DEZ
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