segunda-feira, 11 de agosto de 2008

CABEÇA MASCULINA


Publicada na coluna ELAS SABEM DEMAIS em 11 de novembro de 2007

Os homens só se preocupam mesmo com o trepar!
“Oh, amor, você tem que fazer algum resguardo?”, perguntou Aristides para Sara, dois dias antes da cirurgia. Ela ia fazer uma intervenção simples, pra tirar um pequeno cisto, e o médico já havia dito que não era nada grave.
Sara tinha chegado tarde do trabalho, estava cansada, com fome e pedindo um banho.
Aristides fez de conta que não percebeu, foi tomar banho na frente, se barbeou e saiu todo cheiroso. Mas não fez menção de tocá-la. Ele a conhecia bem e sabia que podia ser um erro fatal.
Sara sacou o jogo e se animou. Correu pro banheiro, tomou uma ducha morna e prolongada, passou um creme no corpo, colocou a camisola transparente e se meteu embaixo das cobertas.
Encostaram coxa com coxa enquanto na TV passava um especial sobre as perversões do Império Romano.
Foi aí que Aristides fez a observação, com aquele tom de voz carinhoso de fazer derreter qualquer tipo de resistência feminina:
“Pensei que você estivesse de resguardo hoje”.
“Não”, ela disse. “O médico não recomendou nada sobre isso...” E deixou a mão dele subir e descer sobre suas coxas, e depois sobre sua barriga e todo o resto mais...
Terminou antes do especial da TV, mas Sara me contou que foi delicioso. Tecnicamente perfeito.
Exaustos, eles nem tentaram conversar (também já não faziam isso há tempos, mas esta é outra história). Viraram cada um para um lado e dormiram na hora, profundamente.
Na manhã seguinte, Sara estava revigorada e saiu para trabalhar. Aristides, de folga naquele dia, ficou em casa. Como sempre, ela voltou tarde, cansada, com fome e precisando de um banho.
Mas faria a operação no dia seguinte cedinho e tudo o que mais desejava era uma recepção carinhosa. Ela estava apreensiva, nervosa, com bastante medo, mesmo sabendo que tudo devia ser muito simples.
De cara estranhou as luzes da casa apagadas. O carro estava na garagem, mas Aristides não veio abrir a porta. Ela entrou e, no quarto, dormindo, lá estava ele.
Quando acendeu as luzes, ele entreabriu os olhos e murmurou: “Deixei janta pra você dentro do microondas”.
“Que sorte!”, ela pensou. “Mas não posso comer, estou de resguardo por causa da cirurgia...”, ela respondeu, quase chorando, numa tentativa desesperada de sensibilizá-lo.
“Então, guarda na geladeira...” E virou pro outro lado para continuar a roncar.

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