sexta-feira, 3 de julho de 2009

2 de novembro de 2008

02/11/2008 FALTOU Confiança O local era ideal para encontrar novos amores. Um clube familiar, onde pais separados levavam seus filhos para cursos dos mais variados tipos e, enquanto esperavam, aproveitavam para malhar. Raul chegou no começo da noite e foi para uma esteira ao lado da dela. Professora de Ciências, Fran passou a observá-lo com olhos profissionais. Meio calvo, uma pequena barriga para a idade aproximada de 45, pernas e bíceps firmes. O humor também parecia legal: sorridente e bom papo. — Estou atrapalhado com essa esteira. Você pode me dizer como faço para aumentar a velocidade? — ele pediu. Solícita, ela parou o seu equipamento para ensiná-lo, mas também para chegar mais perto e sentir o seu cheiro. — Era cheiro de homem de banho tomado. Nada de perfumes enjoados nem de suor. Ele contou que malhava enquanto a filha fazia aula de dança. Tinha um escritório de contabilidade e morava no bairro. Ela perguntou da mulher e ele disse que “a mãe da menina” não podia levá-la, pois trabalhava à noite. Aquele “a mãe da menina” atiçou ainda mais o seu interesse. O homem dava a entender que era separado. Se viram mais algumas noites no clube, sempre naquela curta hora da aula da menina. Fran contou a Raul um pouco da própria vida, que tinha três filhos já crescidos e que era divorciada. Então, ele lhe revelou que estava se separando e a convidou para jantar. Na despedida, lhe roubou um beijo. Ela tremeu feito adolescente. Estava apaixonada. Era uma sexta-feira. Laís ficaria com a mãe, que estava de folga. Fran se arrumou como há tempos não fazia. Raul chegou às oito em ponto. Depois do jantar regado a vinho, ele tomou coragem e a pediu em namoro. Ela, três anos mais velha, quase não acreditou. Explodiu de felicidade. Mas, antes do sim definitivo, preferiu a precaução e quis saber mais da vida dele. Como estava indo a separação? — Ainda moramos na mesma casa — ele explicou — Precisamos comprar outra para eu mudar. Fran não acreditou. Achou que Raul mentia ao dizer que vivia com a ex-mulher sem ter nada com ela. No fim de semana, ele lhe deixou vários recados. Ela só respondeu na segunda, por e-mail. — Sinto muito. Mas, não dá! — escreveu. Seis meses depois, encontrou Raul e uma amiga sua na rua, aos beijos. Morreu de ciúmes, mas puxou a mulher de lado com a desculpa de avisar: — Ele ainda é casado e vive com a mulher! — Era casado. Já assinaram os papéis. Ele agora está num apartamento novinho em folha e eu acho que vou mudar me pra lá.

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